O Acervo Caliban é formado basicamente por filmes 16 e 35 mm, mas existem fitas de áudio em rolo, cassetes, discos e vídeos. A maioria dos títulos são reportagens 16mm. O material em filme se encontra em negativo sonoro, internegativo, interpositivo, cópia com som magnético.
Dentro do projeto Imagem das Imagens, foi feita a transferência dos filmes 16 e 35mm para vídeo, formato DV e posteriormente Mpeg4. Com isto, idéia é facilitar a consulta e visionamento do acervo por pesquisadores e interessados em imagens de arquivo. Nem todos os títulos foram digitalizados já que alguns filmes não apresentavam condições de copiagem e precisam ser restaurados.
Para a utilização do material em bom estado, aconselha-se que, antes de qualquer duplicação dos títulos escolhidos, eles devem ser lavados manualmente ou em equipamento apropriado (ultrasom). Filmes que estejam comprometidos, só poderão ser copiados, após restauração mecânica ou digital.
Segundo a Association of Moving Image Archivists – Amia, o segredo da preservação de filmes está em saber controlar o ambiente onde eles estão armazenados. Temperatura e umidade baixas mantêm a estabilidade química da película cinematográfica. Sob temperatura normal, cerca de 25 graus centígrados, e umidade relativa moderada, ou seja, 50 por cento, corantes e a base de acetato de celulose se deterioram em ritmo acelerado. Para uma preservação a longo prazo, as condições ideais de preservação são zero grau centígrado e 25 por cento de umidade relativa. Os manuais de preservação condenam veementemente a oscilação brusca de temperatura e umidade.
Aconselha-se também a revisão periódica dos filmes para saber o estado em que se encontram. O processo de conservação prevê, entre outras ações, desenrolar e lavar os filmes. Eventualmente substituir pontas e o estojo de acondicionamento do material. Recomenda-se hoje o uso do estojo de poliuritano.
Graças às pesquisas do químico sueco Carl Scheele (1742-786), conseguiu-se pela primeira vez fixar o desenho da luz em cloreto de prata. A experiência baseou-se na câmara escura, artefato bastante utilizado nos séculos XVI e XVII pelos pintores da época na busca da reprodução realista das imagens.
A partir da descoberta de Scheele, partiu-se para a busca do suporte ideal no qual se pudesse fixar a imagem refletida. Daguerre (1787-1851) fixou a primeira imagem em vidro através de um processo fotográfico conhecido como daguerreótipo. Nicéphore Niépce (1765-1833) consegue o mesmo feito, porém em placa de estanho e, em seguida, Fox Talbot (1800-1877) realiza a fixação da imagem em papel. Porém, é George Eastman quem industrializa câmeras fotográficas com filme flexível de plástico com base em nitrato de celulose.
Thomas Edison, com o kinetoscópio, utiliza o mesmo material de nitrato de celulose para a impressão da seqüência de suas imagens. Embora Eastman trabalhasse com o formato 70mm, Edison, através do seu assistente Laurie Dickson, concluiu que, para as suas imagens em movimento, a bitola mais indicada era o 35mm.
Auguste e Louis Lumière, inventores do cinematógrafo e do espetáculo cinematográfico, se utilizam da mesma bitola mas com quatro perfurações por fotograma. Entretanto o tamanho das câmeras 35mm e o alto teor inflamável do nitrato dificultavam a comercialização e popularização do cinema.
Companhias como Kodak e Pathé lançaram no mercado novos formatos e assim reduziram o tamanho das câmeras. A Pathé começa, em 1922, a fabricar o 9,5mm e, no ano seguinte, a Kodak comercializa o 16mm. As grandes novidades a seguir, além dos novos formatos, eram, no âmbito amador, a película reversível (negativo que se tornava cópia) e no campo comercial, anos depois, a incorporação do som e o aperfeiçoamento dos processos de cor, tais como Cinecolor, Technicolor e outros.
No cinema dos primeiros tempos, o suporte no qual se fixava o elemento formador da imagem era de nitrato de celulose. Entretanto, no cinema amador, a partir dos anos 20, em função do risco de utilização, o acetato de celulose substituiu o nitrato de celulose. No cinema comercial, isto só acontece no final dos anos 40. Anos mais tarde, na década de 70, veio a base de poliéster que se utiliza principalmente para cópias de exibição.
Depositada por sobre a base, encontra-se emulsão sensível à luz. No caso dos filmes p&b, é constituída de gelatina, corantes e grãos de prata dispersos, já os filmes coloridos são revestidos de três camadas sensíveis às cores vermelho, verde e azul (RGB – red, green, blue).
O processo de degradação do filme passa por diversas fases. No caso da base, a umidade do ar provoca hidrólise e ocasiona o que se chamada de síndrome do vinagre, cheiro forte e ativo proveniente da película. A perda das propriedades mecânicas do suporte (flexibilidade e resistência à tensão) impossibilita a exibição e a duplicação dos mesmos. Por último, acontece a perda gradativa da imagem e a completa liquefação da emulsão.
A restauração de filmes é diferente daquela praticada em outras obras artísticas. É preciso entendê-la sempre como uma prática de duplicação. Filmes, cujo estado impeçam a exibição ou a duplicação, precisam ser copiados em equipamentos adaptados a esta finalidade.
Dependendo do grau de comprometimento do material, é necessária a intervenção digital. Os fotogramas são escaneados em alta resolução e posteriormente tratados para, depois, serem transferidos para película.